domingo, 8 de dezembro de 2013

Cinzas da celulose

Bom, não estou aqui para me desculpar.
Se tu esperas isso, já podeis amassar este papel;
Rasgar, cremar, só não continues lendo.

Agora, se tu ainda estás lendo até este verso,
quer dizer que tu ainda tens um pouco de atenção para dar.
Ainda que me chamaste de tolo,
rude, lixo, tu ainda assim lês isso.
Quer dizer, não sou mais um lixo para ti,
não é mesmo?

Sabe, sempre senti que tu me ouvia,
mas não me escutava.
Olhavas para mim,
mas não me enxergava.
Sentia meu toque na tua pele,
mas não sentia o toque de minha alma.

Eu, ao contrário, sempre procurei te enxergar,
te escutar... minha alma sempre sentiu a tua!
Mesmo que fosse a tua distância, a distância da tua.

Agora, depois desse tempo,
às vezes olho para trás e até me arrepio
ao lembrar de tua alma.

Ainda que tenha acabado, ainda não sei se teve fim.
Certo, foi demais, morri vezes demais em tuas mãos.
Me amassou, rasgou meu músculo pulsante,
queimou-me até que eu virasse pó.
Voltei do pó, saí das cinzas.
Sou fênix, não sou?
Você me ensinou a deixar minha matéria-prima.
Ao me queimar, me ensinou o que é ter um coração de carne.
Coração que dói, queima e se destrói.
Mas acabou, não é mesmo?

Porém, se, por algum acaso, tu sentires minha falta...
e se por algum acaso fechar os olhos e pensar em mim,
só digo que eu não vou me desculpar, sabe,
por estar invadindo tua alma naquele momento.
Não me desculpo porque não é intencional.
Nem nunca vai ter um fim.

Assinado: Pássaro de Papel.

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